Abordagem cognitivo-reflexiva na pesquisa qualitativa: estratégia para a prática de entrevista semiestruturada
DOI:
https://doi.org/10.33361/RPQ.2025.v.13.n.34.738Palavras-chave:
Pesquisa Qualitativa, Cognição Social, Fenomenologia, Abordagem Cognitivo-Reflexiva, Entrevista SemiestruturadaResumo
Este artigo propõe a introdução de uma abordagem metodológica qualitativa direcionada à elaboração e aplicação de roteiro de entrevista semiestruturado, denominada Abordagem Cognitivo-Reflexiva (ACR), composta pelas etapas: introdutória, cognitiva e exploratória, tendo como base a fenomenologia e a cognição social. A ACR baseia-se na captação das percepções e cognições do entrevistado de maneira espontânea, guiada e interativa. Na etapa cognitiva, o sujeito da pesquisa é capaz de desenvolver seu relato em três ciclos: espontâneo, a partir da experiência prévia com o fenômeno; guiado, com base em palavras-chave, frases e figuras relacionadas ao fenômeno evidenciadas em fichas; e criativo, por meio da escrita livre em papéis em branco. Também são mostradas evidências empíricas acerca da aplicação da ACR no âmbito das ciências sociais aplicadas. Como contribuições, destaca-se o dinamismo promovido pela aplicação das técnicas intituladas ‘técnica das fichas’ e ‘técnica da livre produção escrita’. Ademais, ressalta-se a possibilidade de promover maior interação social, contribuindo para o delineamento de investigações qualitativas.
Downloads
Referências
ARAGÃO, R. Emoções e pesquisa narrativa: transformando experiências de aprendizagem. Revista Brasileira de Linguística Aplicada, Belo Horizonte, v. 8, n. 2, p. 295-320, 2008. DOI: https://doi.org/10.1590/S1984-63982008000200003
ASHWORTH, R. E.; MCDERMOTT, A. M.; CURRIE, G. Theorizing from qualitative research in public administration: Plurality through a combination of rigor and richness. Journal of Public Administration Research and Theory, Oxford, v. 29, n. 2, p. 318-333, abr. 2019. DOI: https://doi.org/10.1093/jopart/muy057
BASTOS, A. V. B. A questão da cognição. In: DAVEL, E.; VERGARA, C. (org.). Gestão com pessoas e subjetividade. São Paulo: Atlas, 2001. p. 79-114.
BLUHM, D. J.; HARMAN, W.; LEE, T. W.; MITCHELL, T R. Qualitative research in management: A decade of progress. Journal of Management Studies, Hoboken, v. 48, n. 8, p. 1866-1891, dez. 2011. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1467-6486.2010.00972.x
BROCKI, J. M.; WEARDEN, A. J. A critical evaluation of the use of interpretative phenomenological analysis (IPA) in health psychology. Psychology and Health, Abingdon, v. 21, n. 1, p. 87-108, 2006. DOI: https://doi.org/10.1080/14768320500230185
BRUNER, J. Acts of meaning. Massachusetts: Harvard University Press, 1990.
CHERON, C.; SALVAGNI, J.; COLOMBY, R. K. The qualitative approach interview in administration: A guide for researchers. Revista de Administração Contemporânea, Maringá, v. 26, n. 4, e-210011, jul./ago. 2022. DOI: https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2022210011.en
CLANDININ, J.; CONNELLY, M. Narrative inquiry: Experience and story in qualitative research. São Francisco: Jossey-Bass, 2000. DOI: https://doi.org/10.1016/B978-008043349-3/50013-X
CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
FISKE, S. T.; TAYLOR, S. E. Social cognition. 2. ed. Nova York: McGraw-Hill, 1991.
GARDNER, H. A nova ciência da mente: uma história da revolução cognitive. São Paulo: Edusp, 1995.
GILL, P.; STEWART, K.; TREASURE, E.; CHADWICK, B. Methods of data collection in qualitative research: Interviews and focus groups. British Dental Journal, Londres, v. 204, n. 6, p. 291-295, mar. 2008. DOI: https://doi.org/10.1038/bdj.2008.192
GIORGI, A. Sobre o método fenomenológico utilizado como modo de pesquisa qualitativa nas ciências humanas: teoria, prática e avaliação. In: POUPART, J.; DESLAURIERS, J. P.; GROULX, L. H.; LAPERRIÈRE, A.; MAYER, R.; PIRES, Á. P. (Org.). A pesquisa qualitativa: enfoques epistemológicos e metodológicos. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 2016. p. 386-409.
GUERCINI, S. New qualitative research methodologies in management. Management Decision, Leeds, v. 52, n. 4, p. 662-674, maio. 2014. DOI: https://doi.org/10.1108/MD-11-2013-0592
HAMILTON, D. L.; DEVINE, P. G.; OSTROM, T. M. Social cognition and classic issues in social psychology. In: DEVINE, P.; HAMILTON, D.; OSTROM, T. (Org.). Social Cognition: Impact on social psychology. San Diego: Academic Press, 1994. p. 1-13.
KALLIO, H.; PIETILÄ, A. M.; JOHNSON, M.; KANGASNIEMI, M. Systematic methodological review: developing a framework for a qualitative semi‐structured interview guide. Journal of Advanced Nursing, Hoboken, v. 72, n. 12, p. 2954-2965, dez. 2016. DOI: https://doi.org/10.1111/jan.13031
LANKA, E.; LANKA, S.; ROSTRON, A.; SINGH, P. Why we need qualitative research in management studies. Revista de Administração Contemporânea, Maringá, v. 25, n. 2, e-200297, mar./abr. 2021. DOI: https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2021200297.en
LEE, T. W. Using qualitative methods in organizational research. Thousand Oaks: Sage, 1999.
MCINTOSH, M. J.; MORSE, J. M. Situating and constructing diversity in semi-structured interviews. Global Qualitative Nursing Research, Thousand Oaks, v. 2, p. 1-12, ago. 2015. DOI: https://doi.org/10.1177/2333393615597674
MYERS, M. Ten years of qualitative research in organizations and management: Some reflections. Qualitative Research in Organizations and Management: An International Journal, Leeds, v. 10, n. 4, p. 337-339, dez. 2015. DOI: https://doi.org/10.1108/QROM-07-2015-1307
NØRREKLIT, H. Quality in qualitative management accounting research. Qualitative Research in Accounting & Management, Leeds, v. 11, n. 1, p. 29-39, abr. 2014. DOI: https://doi.org/10.1108/QRAM-02-2014-0014
PALACIOS, M. I. G.; CASTORINA, J. A. Método clínico-crítico y etnografía en investigaciones sobre conocimientos sociales. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 44, p. 1052-1068, out./dez. 2014. DOI: https://doi.org/10.1590/198053142949
PIAGET, J. A representação do mundo na criança. Rio de Janeiro: Record, 1975.
PINHO, A. P. M. Comprometimento, entrincheiramento e consentimento organizacionais: uma análise destes vínculos, entre gestores e trabalhadores, de diferentes organizações. 2009. 256f. Tese (Doutorado em Administração) – Núcleo de Pós-Graduação em Administração, Escola de Administração, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2009.
PINHO, A. P. M.; SILVA, M. R. R.; SOUZA, M. F. P. R.; LÁZARO, J. C. Inovações gerenciais em evidência: uma análise baseada na percepção de gestores. Revista Ciências Adiministrativas, Fortaleza, v. 27, n. 1, 10458, jan./abr. 2021. DOI: https://doi.org/10.5020/2318-0722.2021.27.1.10458
PINHO, A. P. M.; SILVA, M. R.; EVANGELISTA, N. R. S. Cognições gerenciais sobre práticas gerenciais inovadoras e gestão de pessoas. Revista de Psicologia, Fortaleza, v. 11, n. 1, p. 49-58, jan./jun. 2020. DOI: https://doi.org/10.36517/revpsiufc.11.1.2020.5
PINHO, A. P. M.; SOUZA, J. A. J. Cognição e ação: explicando as bases cognitivas do comportamento gerencial. In: TUPINAMBÁ, A. C. R.; RODRIGUEZ, F. G. (Org.). Liderança e empreendedorismo em perspectiva intercultural. Fortaleza: Edições UFC, 2019. p. 219-257.
POUPART, J. A entrevista de tipo qualitativo: considerações epistemológicas, teóricas e metodológicas. In: POUPART, J.; DESLAURIERS, J. P.; GROULX, L. H.; LAPERRIÈRE, A.; MAYER, R.; PIRES, Á. P. (Org.). 4. ed. A pesquisa qualitativa: enfoques epistemológicos e metodológicos. Petrópolis: Vozes, 2016. p. 215-253.
SCHREIBER, K. P.; BRAZ, G.; BERTOLUCCI, C. C.; SILVA, J. A.; PORCIÚNCULA, M. Níveis de compreensão do conceito de média aritmética de adolescentes a partir do Método Clínico-Crítico Piagetiano. Bolema, Rio Claro, v. 33, n. 64, p. 491-512, ago. 2019. DOI: https://doi.org/10.1590/1980-4415v33n64a03
SILVA, F. E. R.; RODRIGUES, L. B.; PINHO, A. P. M. Motivação para atuação no voluntariado: estudo de caso em uma organização não-governamental. Gestão e Sociedade, Belo Horizonte, v. 14, n. 40, p. 3923-3952, set./dez. 2020. DOI: https://doi.org/10.21171/ges.v14i40.3104
SILVA, M. R. R.; PINHO, A. P. M. Gestão de pessoas e inovações gerenciais: um estudo baseado em cognições de gestores. Teoria e Prática em Administração, João Pessoa, v. 11, n. 2, p. 115-129, jul./dez. 2021. DOI: https://doi.org/10.22478/ufpb.2238-104X.2021v11n2.54851
SMITH, J. A.; EATOUGH, V. Análise Fenomenológica Interpretativa. In: BREAKWELL, G. M.; HAMMOND, S.; FIFE-SCHAW, C.; SMITH, J. A. (Org.). Métodos de pesquisa em Psicologia. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. p. 322-339.
STERNBERG, R. Psicologia Cognitiva. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
STUCKEY, H. L. Three types of interviews: Qualitative research methods in social health. Journal of Social Health and Diabetes, Noida, v. 1, n. 2, p. 56-59, jul./dez. 2013.
TEIXEIRA, J. F. Filosofia e ciência cognitiva. Petrópolis: Editora Vozes, 2004.
TENBRUNSEL, A. E.; GALVIN, T. L.; NEALE, M. A.; BAZERMAN, M. H. Cognitions in organizations. In: CLEGG, S.; HARDY, C.; NORD, W. (Ed.). Handbook of organization studies. Londres: Sage, 1996.
TOMAZZONI, G. C.; COSTA, V. M. F. Vínculos organizacionais de comprometimento, entrincheiramento e consentimento: explorando seus antecedentes e consequentes. Cadernos EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 18, n. 2, p. 268-283, abr./jun. 2020. DOI: https://doi.org/10.1590/1679-395175056
WEICK, K. E. Sensemaking in organizations. Londres: Sage, 1995.
WELCH, C.; PLAKOYIANNAKI, E.; PIEKKARI, R.; PAAVILAINEN-MÄNTYMÄKI; E. Legitimizing diverse uses for qualitative research: A rhetorical analysis of two management journals. International Journal of Management Reviews, Hoboken, v. 15, n. 2, p. 245-264, abr. 2013. DOI: https://doi.org/10.1111/ijmr.12001
ZITTOUN, P. Interviewing in public administration. Oxford Research Encyclopedia of Politics, 2021. DOI: https://doi.org/10.1093/acrefore/9780190228637.013.1445
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista Pesquisa Qualitativa

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Essa revista é licenciada pelo sistema creative commons 4.0, não-comercial.