Pesquisa decolonial na educação: pressupostos, compromissos e possibilidades para uma metodologia descolonizada
DOI:
https://doi.org/10.33361/RPQ.2025.v.13.n.36.855Palavras-chave:
Pesquisa em educação, Teoria decolonial, Metodologia decolonialResumo
Este ensaio tem como objetivo contribuir para as discussões sobre as abordagens de pesquisa no campo educacional, a partir da perspectiva da Teoria Decolonial e de seus conceitos e referenciais. A proposta de descolonização das epistemologias que fundamentam nossas práticas de pesquisa suscita debates relevantes no âmbito das ciências humanas. Ao adotar essa perspectiva teórico-metodológica, assumimos um compromisso ético com a Educação enquanto espaço de disputas e enfrentamento das diversas formas de colonialidade. O presente trabalho busca destacar a Pesquisa-Ação Pedagógica (PAP) como uma possibilidade metodológica decolonial na pesquisa em educação. Para isso, analisam-se, com base nos pressupostos fundantes da PAP, as implicações concretas do fazer-pesquisa a partir de uma perspectiva crítica, descolonizadora, coletiva e eticamente comprometida com a produção do conhecimento. Como resultado, propõe-se uma abordagem metodológica de pesquisa em educação ancorada em fundamentos teóricos que favorecem a vivência do ato de pesquisar, pautada na crítica à neutralidade epistemológica. Enfatiza-se, assim, a necessidade de atenção às violências epistêmicas presentes nos cotidianos da produção de conhecimento, expressas no silenciamento e na exclusão de saberes e ciências produzidos fora do eixo do Norte Global.
Downloads
Referências
BORSANI, M. E. Reconstruções metodológicas e/ou metodologias a posteriori. Epistemologias do Sul, Foz do Iguaçu, v. 5, n. 1, p. 94-109, 2021. Disponível em: https://revistas.unila.edu.br/epistemologiasdosul/article/download/3133/2863/12434. Acesso em: 17 jun. 2024.
CARNEIRO, S. Dispositivo de racialidade: a construção do outro como não ser como fundamento do ser. Rio de Janeiro: Zahar, 2023.
CARREIRO, G. da N.; PALHANO, T. R. Rotas epistemológicas para pluri-versar a universidade: contribuições para descolonizar o conhecimento. Revista Educação e Emancipação, São Luís, v. 16, n. 3, p. 22–46, nov. 2023. Disponível em: https://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/reducacaoemancipacao/article/view/20998. Acesso em: 29 jun 2025. DOI: https://doi.org/10.18764/2358-4319v16n3.2023.38
CASTRO GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. Giro decolonial, teoría crítica y pensamiento heterárquico. In: CASTRO GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. (org.). El giro decolonial: Reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: [s.n], 2007. p. 9-25.
CASTRO GÓMEZ, S. Pós-colonialidade explicada às crianças. Tradução Rafael Leopoldo. Belo Horizonte, MG: Letramento, 2021.
CUSICANQUI, S. R. Ch'ixinakax utxiwa: uma reflexão sobre práticas e discursos descolonizadores. Tradução: Ana Luiza Braga, Lior Zisman Zalis. São Paulo: n-1 edições, 2021.
CUSICANQUI, S. R. Sociología de la imagen: miradas ch’ixi desde la historia andina. Buenos Aires: Tinta Limón, 2015
CURIEL, O. Construindo metodologias feministas a partir do feminismo decolonial. In: HOLLANDA, H. B. (org.). Pensamento feminista hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Editora Bazar do Tempo, 2020. p. 120-138.
DULCI, T. M. S.; MALHEIROS, M. R. Um giro decolonial à metodologia científica: apontamentos epistemológicos para metodologias desde e para a América Latina. Revista Espirales, Foz do Iguaçu, v. 5. n. 1. p. 174–193, jan. 2021. Disponível em: https://revistas.unila.edu.br/espirales/article/view/2686. Acesso em: 16 jun. 2024.
FANON, F. Pele negra, máscaras brancas. Tradução: Sebastião Nascimento. São Paulo: Ubu Editora, 2020.
FRANCO, M. A. do R. S. Pesquisa-ação e prática docente: articulações possíveis. In: FRANCO, M. A. do R. S.; PIMENTA, S. G. (orgs.). Pesquisa em educação: possibilidades investigativas/formativas da pesquisa-ação. 2. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2012. p. 103-138.
FRANCO, M. A. do R. S. Pesquisa-Ação Pedagógica: práticas de empoderamento e de participação. ETD - Educação Temática Digital, Campinas, v. 18, n. 2, p. 511–530, abr./jun. 2016. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/etd/article/view/8637507. Acesso em: 20 jun. 2024. DOI: https://doi.org/10.20396/etd.v18i2.8637507
FRANCO, M. A. do R. S. Pesquisa-ação e prática docente: possibilidades de descolonização do saber pedagógico. In: FRANCO, M. A. do R. S.; PIMENTA, S. G. (orgs.). Pesquisa em educação: a pesquisa-ação em diferentes feições colaborativas. São Paulo: Edições Loyola, 2018. p. 87-118.
FRANCO, M. A. do R. S.; BETTI, M. Pesquisa-ação: por uma epistemologia de sua prática. In: FRANCO, M. A. do R. S.; PIMENTA, S. G. (orgs.). Pesquisa em educação: a pesquisa-ação em diferentes feições colaborativas. São Paulo: Edições Loyola, 2018. p. 15-24.
FRANCO, M. A. do R. S. Pesquisa-Ação: lembretes de princípios e de práticas. Revista eletrônica pesquiseduca, Santos, v. 11, n. 25, p. 358–370, mês (se houver). 2020. Disponível em: https://periodicos.unisantos.br/pesquiseduca/article/view/949. Acesso em: 23 jun. 2024.
GAMBOA, S. S. Pesquisa em educação: métodos e epistemologias. 2. ed. Chapecó-SC: Argos, 2012. DOI: https://doi.org/10.18675/2177-580X.vol2.n1.p09-32
GOMES, N. L. O movimento negro e a intelectualidade negra descolonizando os currículos. In: BERNARDINO-COSTA, J.; MALDONADO-TORRES, N.; GROSFOGUEL, R. (orgs.). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2020. p. 223-246.
LANDER, E. Ciências sociais: saberes coloniais e eurocêntricos. In: LANDER, E. (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais: perspectivas latino-americanas. Ciudad Autônoma de Buenos Aires, Argentina: Colección Sur Sur, CLACSO, 2005. p. 7-24.
LANDER, E. Conocimiento para qué? Conocimiento para quién? Reflexiones sobre la Universidade y la geopolítica de los saberes hegemónicos. Estudios Latinoamericanos, Cidade do México, v. 7, n. 12-13, p. 25–46, 2000. Disponível em: https://www.revistas.unam.mx/index.php/rel/article/view/52369 Acesso em: 23 jul. 2025. DOI: https://doi.org/10.22201/cela.24484946e.1999.12-13.52369
LUGONES, M. Colonialidad y genero. Tabula Rasa, Bogotá, n.9, p. 73-101, jul./ dez. 2008. Disponível em http://www.scielo.org.co/scielo.php?pid=S1794-24892008000200006&script=sci_abstract&tlng=es. Acesso em: 3 jun. 2024. DOI: https://doi.org/10.25058/20112742.340
MALDONADO-TORRES, N. El giro decolonial. In: POBLETE, J. (org). Nuevos acercamientos a los estudios latinoamericanos: cultura y poder. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: CLACSO; México: UNAM, 2021. p. 193-221. Disponível em: https://biblioteca-repositorio.clacso.edu.ar/bitstream/CLACSO/15769/1/Nuevos-acercamientos.pdf#page=194 Acesso em: 08 abr. 2025. DOI: https://doi.org/10.2307/j.ctv2v88dft.11
MALDONADO-TORRES, N. Analítica da colonialidade e da decolonialidade: algumas dimensões básicas. In: BERNARDINO COSTA, J.; MALDONATO TORRES, N.; GROSFOGUEL, R. (orgs.). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte: Autêntica, 2020. p. 27-54.
MIGNOLO, W. D. El pensamiento decolonial: desprendimiento y apertura: un manifiesto. In: CASTRO GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. (orgs.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores; Universidad Central, Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos y Pontificia Universidad Javeriana, Instituto Pensar, 2007. p. 25-46.
MIGNOLO, W. D. A desobediência epistêmica: a opção descolonial e o significado de identidade em política. Tradução de Ângela Lopes Norte. Cadernos de Letras da UFF: literatura, língua e identidade, Curitiba, n. 34, p. 287-324, 2008. Disponível em: http://professor.ufop.br/sites/default/files/tatiana/files/desobediencia_epistemica_mignolo.pdf. Acesso em: 11 jun. 2024.
MIÑOSO, Y. E. De por qué és necesario un feminismo decolonial: diferenciación, dominación co-constitutiva de la modernidad occidental y el fin de la política de identidad. Solar, Lima-Peru, v.12, n. 1. p. 141- 171, 2016. Disponível em: https://om.juscatamarca.gob.ar/articulos/De_por_que_es_necesario_un_feminismo_des.pdf. Acesso em: 11 jun. 2024.
NASCIMENTO, W. F. do; BOTELHO, D. Colonialidade e Educação: O currículo de filosofia brasileiro entre discursos coloniais. Revista Sul-Americana de Filosofia e Educação, Brasília, n. 14, p. 66-89, mai./out. 2010. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/resafe/article/view/4398. Acesso em: 25 jun. 2024.
OCAÑA, A. O.; LÓPEZ, M. I. A.; CONEDO, Z. E. P. Metodología ‘otra’ en la investigación social, humana y educativa: el hacer decolonial como proceso decolonizante. Faia, Ciudad de Buenos Aires, v. 7, n. 30, p. 172-200, 2018. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/6575303.pdf Acesso em: 16 jun. 2024.
PALERMO, Z. La universidad en la encrucijada decolonial. Otros Logos. Revista de Estudios Críticos, Salta-Argentina, v.1, n. 1, p. 43-69, 2010. Disponível em: http://www.ceapedi.com.ar/otroslogos/Revistas/0001/Palermo.pdf. Acesso em 17 jun. 2024.
QUIJANO, A. Colonialidade do poder, Eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, E. (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais: perspectivas latino-americanas. Ciudad Autônoma de Buenos Aires, Argentina: Colección Sur Sur, CLACSO, 2005. p. 107-130.
QUIJANO, A. Colonialidad del Poder y Clasificacion Social. In: QUIJANO, A. (org.). Cuestiones y Horizontes: de la dependencia histórico-estructural a la colonialidad/descolonialidad del poder. Ciudad Autônoma de Buenos Aires, Argentina: Colección Antologías, CLACSO, 2014. p. 285-327.
RABER, A. F. Nometodología Payanesa: Notas de Metodología Indisciplinada. Revista Chilena de Antropología, Santiago, n. 23, p. 11-42, jan. 2011. Disponível em: https://revistadeantropologia.uchile.cl/index.php/RCA/article/view/15564. Acesso em: 27 jun. 2025.
RABER, A. F. Arqueología indisciplinada y descolonización del conocimiento. In. GNECCO, C.; HABER, A. F.; SHEPHERD, N. (orgs.). Arqueología y decolonialidad. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Del Signo, 2015. p. 123-166.
RAMOSE, M. B. Sobre a legitimidade e o estudo da Filosofia Africana. Trad. Dirce Solis, Rafael Lopes e Roberta Cassiano. Ensaios Filosóficos, Brasília, v. 4, p. 6-23, out. 2011. Disponível em: http://www.ensaiosfilosoficos.com.br/Artigos/Artigo4/RAMOSE_MB.pdf. Acesso em: 12 jun. 2025.
SANTOS, A. B. dos. Colonização, quilombos: modos e significações. Brasília: INCT/CNPq, 2015.
SANTOS, A. B. Somos da terra. Piseagrama, Belo Horizonte, n. 12, p. 44 - 51, ago. 2018.
WALSH, Catherine. Lo pedagógico y lo decolonial: entretejiendo caminhos. In: WALSH, Catherine (org.). Pedagogías decoloniales: prácticas insurgentes de resistir, (re)existir y (re)vivir. Tomo I. Quito, Ecuador: Abya Yala, 2013. p. 23-69. Disponível em: https://ayalaboratorio.files.wordpress.com/2018/03/catherine-walsh-pedagogc3adas-decoloniales-volume-i.pdf. Acesso em: 27 jul. 2025.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista Pesquisa Qualitativa

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Essa revista é licenciada pelo sistema creative commons 4.0, não-comercial.