A morte na música brasileira: uma compreensão fenomenológica
DOI:
https://doi.org/10.33361/RPQ.2022.v.10.n.25.448Palavras-chave:
Morte, Luto, Fenomenologia, Existencialismo, CançãoResumo
O tabu da morte permanece em nossa sociedade e a cada dia mais se morre, entre o escondido e o espetáculo, sem essa parte inexorável da vida refletida. Objetivou-se apresentar uma compreensão da experiência da morte na ótica fenomenológico-existencial, tendo como unidades de análise letras de canções brasileiras. A análise compreensiva via temáticas emergentes (essências), norteada pelos escritos de Kierkegaard, Heidegger e Sartre, baseou-se na fenomenologia semiótica, conforme Lanigan. Vinte letras musicais brasileiras foram selecionadas sendo extraídas as seguintes temáticas emergentes: crueldade, desamparo, heroísmo, imprevisibilidade, moto-perpétuo, mutilação, vulnerabilidade. Pela compreensão fenomenológica, surge a permanência da “morte imorredoura” como vida nas histórias humanas e o paradoxo da morte em visadas de autenticidade e inautenticidade. Espera-se que esse trabalho possa servir como elemento de reflexão que auxilie profissionais da saúde na abordagem da temática da morte junto a pacientes fora de possibilidades terapêuticas curativas (cuidados paliativos) e famílias enlutadas.
Downloads
Métricas
Referências
ABRIL CULTURAL. Enciclopédia Novo Conhecer. São Paulo: Abril Cultural, 1977. Vol. I, p. 312-5; Vol. X, p. 226-7.
ANDRADE, C. D. Resíduo. In: ANDRADE, N. A rosa do povo. 21. ed. Rio de Janeiro: Record, 2000. p.92-95.
ARIÈS, P. História da morte no Ocidente: da Idade Média aos nossos dias. Ed. especial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012.
BARROS, E.F.V.; BOURBON, P.A.F.A.J.C.X.P.M.R.J.J.G.P.C.S.B., 1822. Hino da Independência do Brasil. Conjunto Musical da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Banda e Coro Masculino. Discos RGE/Fermata Ltda. LP O Grito da Independência, 1972.
BEAUVOIR, S. Todos os homens são mortais. 4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989. 393 p.
BORGES, M.S.; MENDES, N. Representações de profissionais de saúde sobre a morte e o processo de morrer. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 65, n. 2. p. 324-331, mar./abr. 2012. https://doi.org/10.1590/S0034-71672012000200019. DOI: https://doi.org/10.1590/S0034-71672012000200019
BOSCO, J.; BLANC, A. De Frente pro Crime. RCA Victor. LP Caça à raposa, 1975.
BULFINCH, T. O livro de ouro da mitologia. Histórias de deuses e heróis. 25. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.
CAZES, E. Nascimento de uma identidade musical. In: DREYFUS, D. et al. Raízes musicais do Brasil. Rio de Janeiro: SESC-RJ, 2005. p.9-13.
CAZUZA; RÔ RÔ, A. Cobaias de Deus. Polygram. LP Burguesia, 1989.
FAGNER, R.; SILVA. A. Sangue e Pudins. CBS. LP Raimundo Fagner, 1976.
FARIA, S.S.; FIGUEREIDO, J.S. Aspectos emocionais do luto e da morte em profissionais da equipe de saúde no contexto hospitalar. Psicolologia Hospitalar, São Paulo, v. 15, n. 1, p. 44-66, jan./jun. 2017. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-74092017000100005. Acesso em: 02 dez. 2022.
GIL, G. A Morte. Gege Edições Musicais Ltda./Preta Music, 1977. “Jards Macalé”, Universal Music, CD; 2004.
GIL, G.; CAPINAM. Soy Loco Por Ti, America, 1967. Gege Edições Musicais Ltda./Preta Music/Editora Musical Arlequim Ltda., LP Soy Loco Por Ti, America. Warner Music, 1987.
GOMES, W.B. A Entrevista Fenomenológica e o Estudo da Experiência Consciente. Psicologia USP, São Paulo, v. 8, n. 2, p. 305-336, 1997. https://doi.org/10.1590/S0103-65641997000200015. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-65641997000200015
GOMES, W.B. Fenomenologia e pesquisa em psicologia. [S.l]: Editora da Universidade – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1998.
GONZAGA, L.; BARBALHO, N. A Morte do Vaqueiro. RCA Victor, 78 RPM, 1963.
HEIDEGGER, M. Ser e Tempo. Parte II. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2000a.
HEIDEGGER, M. Serenidade. Lisboa: Instituto Piaget, 2000b.
HILL, E., GAUER, G.; GOMES, W. B. Uma análise semiótico-fenomenológica das mensagens auto-reflexivas de filhos adultos de alcoolistas. Psicologia. Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v. 11, n. 1, p. 93-116, 1998. https://doi.org/10.1590/S0102-79721998000100006. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-79721998000100006
HOLOCAUSTO. Regimento da Morte. Cogumelo Records. CD Campo de Extermínio, 1987.
HOLLANDA, F. B. Construção. PHILIPS/Phonogram. LP Construção, 1971.
HOLLANDA, F. B.; MELO NETO, J. C. Funeral de um Lavrador. Philips, LP Morte e Vida Severina, 1966.
HOLLANDA, F. B.; MILTINHO. Angélica. Marola Edições Musicais. Warner Chappelli, LP Almanaque, 1977.
HOLLANDA, F.B. Pedaço de Mim. Polygram/Philips. LP Chico Buarque, 1978.
HOUAISS, A. Grande dicionário Houaiss da Língua Portuguesa [Internet]. Disponível em: https://houaiss.uol.com.br/corporativo/apps/uol_www/v5-4/html/index.php#0. Acesso em: 02 dez. 2022.
HUSSERL, E. A ideia da fenomenologia. Lisboa: Edições 70, 1986.
KIERKEGAARD, S. O desespero humano. 6. ed. Porto: Livraria Tavares Martins, 1979.
LANIGAN, R.L. Capta versus data: método e evidência em comunicologia. Psicologia. Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v. 10, n. 1, p. 17-45, 1997. https://doi.org/10.1590/S0102-79721997000100004. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-79721997000100004
LOBOTOMIA. Faces da Morte. New Face Records. LP Lobotomia, 1986.
MASAGÃO, M. Nós que aqui estamos por vós esperamos. Filme, produção, pesquisa e edição: Marcelo Masagão. Agência Observatório, 1999.
MERLEAU-PONTY, M. O visível e o invisível. 4. ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 1992.
MORAES, V. Valsa de Eurídice. Mercury. LP Vinícius de Moraes: Poesia e Canção (Ao Vivo) Vol.2, 1966.
MOREIRA, D.A. O método fenomenológico na pesquisa. São Paulo: Pioneira Thomson; 2002.
MOURA, C.A.R. Husserl - Intencionalidade e fenomenologia. Revista Mente, Cérebro e Filosofia, São Paulo, série especial, n. 5, p. 7-15, 2007.
NASCIMENTO, M.; BRANT, F. Travessia. Codil. LP Milton Nascimento, 1967.
NASCIMENTO, M.; BRANT, F. Sentinela. Ariola. LP Sentinela, 1980.
NASCIMENTO, M.; BRANT, F. Encontros e Despedidas. Barclay/PolyGram. LP Encontros e Despedidas, 1985.
NASSER, S. N. et al. O impacto da morte em profissionais da saúde no contexto hospitalar. Revista PsicoFAE: Pluralidades em Saúde Mental, Curitiba, v. 9, n. 2, p. 58-66, nov./dez. 2021. Disponível em: https://revistapsicofae.fae.edu/psico/article/view/281. Acesso em: 02 dez. 2022.
OLIVEIRA, V. Z.; OLIVEIRA, M. Z.; GOMES, W.B.; GASPERIN, C. Comunicação do diagnóstico: implicações no tratamento de adolescentes doentes crônicos. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 9, n. 1, p. 9-17, abr. 2004. https://doi.org/10.1590/S1413-73722004000100003. DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-73722004000100003
PETRONIO, R. Yuval Noah Harari: pensador das eras humanas. Cadernos IHU ideias, São Leopoldo, v. 20, n. 329, p. 1-81, 2003. Disponível em: https://www.ihu.unisinos.br/images/stories/cadernos/ideias/329cadernosihuideias.pdf. Acesso em: 10 dez. 2022.
RIGOTTO, S.D.; GOMES, W.B. Contextos de abstinência e de recaída na recuperação da dependência química. Psicologia Teoria e Pesquisa, Brasília, v. 18, n. 1, p. 95-106, jan./abr. 2002. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ptp/a/n5ZWt5LNctft4VXQZbf4qqQ/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 02 dez. 2022. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-37722002000100011
SARTRE, J.P. O ser e o nada. 13. ed. revista. Petrópolis: Editora Vozes, 1997.
SEIXAS, R.; COELHO, P. Canto para Minha Morte. Philips/Universal Music. LP Há 10 Mil Anos Atrás, 1976.
TINOCO, D., LESSA, R.; GUEDES, F. Chora Brasileira. Velas Produções Artísticas e Musicais Ltda. LP Coração de Louca, 1989.
TOLSTOI, L. A morte de Ivan Ilitch. Porto Alegre: L&P Editores, 2002. 112 p.
VANDRÉ, G. Pra não Dizer que Não Falei das Flores, 1968. Simone. EMI-Odeon. LP Ao Vivo no Canecão, 1980.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Revista Pesquisa Qualitativa
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Essa revista é licenciada pelo sistema creative commons 4.0, não-comercial.
