Amostragem e saturação em pesquisa qualitativa: consensos e controvérsias

Autores

  • Maria Cecília de Souza Minayo Fundação Oswaldo Cruz

Resumo

Resumo: Este ensaio sobre amostragem em pesquisa qualitativa e sobre o conceito de saturação discute as seguintes questões: em que medida as interlocuções individuais que se obtêm no campo podem ser entendidas como revelações do grupo e permitir inferências sobre ele? Quais seriam as precondições para uma amostra suficiente e fidedigna? Num projeto, deve-se colocar previamente o número de pessoas a serem entrevistadas e um tempo determinado para a observação de campo? Quantas entrevistas e quanto tempo de observação são necessários para um bom trabalho de campo? Quando se deve parar de buscar mais dados? As respostas são balizadas na literatura e na experiência pessoal da autora, mostrando que a quantificação a priori foge à lógica que preside os estudos qualitativos.

Palavras-chave: Pesquisa qualitativa; Estudos qualitativos; Amostragem; Saturação.

 

Sampling and saturation in qualitative research: consensuses and controversies

Abstract: This essay on sampling in qualitative research and on the concept of saturation discusses the following questions: To what extent individual interlocutions obtained in the field can be understood as revelations of the group and allow inferences about it? What would be the preconditions for a sufficient and reliable sample? In a project, should the number of people to be interviewed and the time for field observation be established previously? How many interviews and how much observation time are needed for a good fieldwork? When should the search for more data be discontinued? The responses are based on the specific literature and on the personal experience of the author, showing that, in principle, quantification escapes the logic of qualitative studies.

Keywords: Qualitative research; Qualitative studies; Sampling; Saturation.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Referências

ATRAN, S.; MEDIN, D.L.; ROSS, N. O. The cultural mind: Environmental decision making and cultural modeling within and across populations. Psychological Review, Los Angeles, v. 112, n. 4, p. 744-776, 2005.

BACHELARD, G. Essai sur la connaissance approchée. 3. ed. Paris: Librairie Philosophique, 1990.

BERTAUX, D. From the life-history approach to the transformation of sociological practice. In: BERTAUX, D. (Ed.). Biography and society: The life history approach in the social sciences. London: Sage, 1981. p. 29-45.

BOURDIEU, P. Questões de sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983.

BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 196 de 10 de outubro de 1996 que aprova diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Brasília: CNS/MS, 1996.

BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012 que revê a Resolução 196/96 e aprova novas diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Brasília: CNS/MS, 2012.

BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 510 de 7 de abril de 2016 que trata das especificidades éticas das pesquisas nas ciências humanas e sociais e em outras áreas que utilizam metodologias próprias dessas áreas. CNS/MS, 2016.

CHARMAZ, K. Constructing grounded theory: A practical guide through qualitative analysis. Thousand Oaks, CA: Sage, 2006.

CRESWELL, J. Qualitative inquiry and research design: Choosing among five traditions. Thousand Oaks, CA: Sage, 1998.

DEY, I. Grounding grounded theory. San Diego, CA: Academic Press, 1999.

ELIAS, N. A Sociedade dos Indivíduos. Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar, 1994.

FONTANELLA, B. J. B; RICAS, J.; TURATO, E. R. Amostragem por saturação em pesquisas qualitativas em saúde: contribuições teóricas. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 24, n. 1, p. 17-27, 2008.

FUSCH, P. I.; NESS, L. R. Are we there yet? Data saturation in qualitative research. The Qualitative Report, Fort-Lauderdale, v. 20, n. 9, p. 1408-1416, 2015.

GADAMER, H.G. Verdade e Método. 2. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2008.

GLASER, B.; STRAUSS, A. The discovery of grounded theory: Strategies for qualitative research. New York: Aldine Publishing Company, 1967.

GUEST, G.; BUNCE, A.; JOHNSON, L. How many interviews are enough? An experiment with data saturation and variability. Field Methods, Thousand Oaks, v. 18, n. 1, p. 59-82, jul. 2006.

HARVEY, B. Social research methods. Thousand Oaks, CA: Sage, 2000.

KANT, I. Crítica da razão pura. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Editora Abril, 1980.

MALINOWISKI, B. Os argonautas do Pacífico. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Editora Abril, 1980.

MARTINEZ-SALGADO, C. El muestreo en investigación cualitativa: principios básicos y algunas controversias. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 17, n. 13, p. 613-619, 2012.

MASON, M. Sample size and saturation in Phd studies using qualitative interviews. Forum qualitative social research, Berlin, v. 11, n. 3, p. 1-19, sep. 2010.

MINAYO, M. C. S. De ferro e flexíveis marcas do Estado Empresário e da Privatização na Subjetividade Operária. Rio de Janeiro: Editora Garamond, 2004.

MINAYO, M. C.S. Análise qualitativa: teoria, passos e fidedignidade. Ciência &Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 17, n. 3, p. 621-626, 2012.

MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 14. ed. São Paulo: Editora Hucitec, 2015.

MINAYO, M. C. S. Cientificidade, generalização e divulgação de estudos qualitativos. Ciência & Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v. 22, n. 1, p. 16. 17, 2017.

MORSE, J. M. Designing funded qualitative research. In: NORMAN, K. D.; YVONNA, S. L. (Eds.). Handbook of qualitative research. 2. ed. Thousand Oaks, CA: Sage, 1994. p. 220-2335.

MORSE, J. M. Determining sample size. Qualitative Health Research, Thousand Oaks, v. 10, n. 1, p. 3-5, jan. 2000.

MORSE, J. M. Styles of collaboration in qualitative inquiry. Qualitative Health Research, Thousand Oaks, v. 18, n. 1, p. 3-4, 2008.

ONWUEGBUZIE, A. J.; LEECH, N. L. Sampling Designs in Qualitative Research: Making the Sampling Process More Public. The Qualitative Report, Fort-Lauderdale, v. 12, n. 2, p. 238-254, 2007.

RITCHIE, J.; LEWIS, J.; ELAM, G. Designing and selecting samples. In: RITCHIE, J.; LEWIS, J. (Eds.). Qualitative research practice. A guide for social science students and researchers. Thousand Oaks, CA: Sage, 2003. p. 77-108.

ROMNEY, A. K.; BATCHELDER, W.; WELLER, S. C. Culture as consensus: A theory of culture and informant accuracy. American Anthropologist, Arlington, v. 88, n. 3, p. 13-38, jun. 1986.

Publicado

2017-04-01

Como Citar

Minayo, M. C. de S. (2017). Amostragem e saturação em pesquisa qualitativa: consensos e controvérsias. Revista Pesquisa Qualitativa, 5(7), 1–12. Recuperado de https://editora.sepq.org.br/rpq/article/view/82