Monografar em libras: buscando padrões de escrita em vídeo-registros acadêmicos

Authors

  • Cristiane Correia Taveira Instituto Nacional de Educação de Surdos
  • Luiz Alexandre da Silva Rosado Instituto Nacional de Educação de Surdos

DOI:

https://doi.org/10.33361/RPQ.2018.v.6.n.12.243

Abstract

Resumo: Este artigo é fruto de pesquisa em andamento no Departamento de Ensino Superior do INES (DESU-INES) oriunda da experiência de elaboração de monografias em Libras com alunos de graduação do curso de Pedagogia Bilíngue. O objetivo foi construir esquemas visuais e descritivos que mostrem as características de cenários e dos padrões de linguagens nos fenômenos de interação durante a consecução de monografias em Libras. São feitas considerações a respeito das tensões entre a Libras e a língua portuguesa no processo de construção discursiva do aluno surdo e não-surdo bilíngue, junto ao professor orientador e o tradutor-intérprete, quando esta equipe se vê na tarefa de construir argumentos científicos formais em língua de sinais com registros em vídeo. Procuramos clarear as etapas desse processo, a fim de dar suporte a futuras orientações que envolvam a produção de vídeo acadêmico em Libras. Entre elas estão: o uso de glosas e glossinais, a busca ou criação de novos sinais para conceitos acadêmicos, o trabalho de roteirização, a filmagem-rascunho, a gravação em estúdio profissional e a edição final do material. Algumas regras de produção visual são apresentadas como exemplos de particularidades encontradas pelos pesquisadores. Ao final, desdobramos comportamentos encontrados em campo que envolvem idealizações na produção de monografias em Libras, indicando questões a serem ponderadas por este conjunto de atores: alunos, professores orientadores e banca examinadora.

Palavras-chave: Graduando surdo; Educação bilíngue; Língua Brasileira de Sinais; Monografia; Ensino Superior.

 

Monographing in libras: looking for writing standards in academic video-records

Abstract: This article is the result of ongoing research in the Department of Higher Education of INES (DESU-INES). Emerges from the experience of elaborating monographs in Brazilian Sign Language (Libras) with undergraduate students of the Bilingual Pedagogy course. The objective was to construct visual and descriptive schemas that show the characteristics of scenarios and the patterns of languages in the interaction phenomena during the making of monographs in Libras. Considerations are made about the tensions between Libras and the Portuguese language in the process of discursive construction of the deaf and non-deaf bilingual student, together with the guiding teacher and the translator-interpreter, when this team finds itself in the task of constructing formal scientific arguments in sign language with video records. We seek to clarify the stages of this process in order to support future orientations that involve the production of academic video in Libras. Among them are: the use of glosses and glossinals, the search for or creation of new signs for academic concepts, the writing work, the filming, the professional studio recording and the final editing of the material. Some rules of visual production are presented as examples of particularities encountered by the researchers. In the end, we present behaviors found in the research field that involve idealizations in the production of monographs in Libras, indicating questions to be pondered by this group of actors: students, guiding teachers and teacher examiners' bank.

Keywords: Deaf graduating; Bilingual education; Brazilian Sign Language; Monography; Higher education.

 

Downloads

Download data is not yet available.

Metrics

Metrics Loading ...

Author Biographies

Cristiane Correia Taveira, Instituto Nacional de Educação de Surdos

edagoga, Doutora em Educação pela PUC Rio. Professora Adjunta da área de Educação Bilíngue do Departamento de Ensino Superior do Instituto Nacional de Educação de Surdos (DESU/INES) fazendo parte do Comissão Permanente para Normalização do Trabalho Monográfico em Libras e Língua Portuguesa. Foi idealizadora e gestora de conteúdo do site IHA Informa no período de 2010 a 2014. Trabalhou na formação continuada e em serviço de professores da Educação Especial do Município do Rio de Janeiro. Em 2015 foi ganhadora do 1º lugar no Prêmio CAPES de Tese na área de Educação com estudo sobre didática com alunos surdos sob o título "Por uma didática da invenção surda: Prática pedagógica nas escolas-piloto de educação bilíngue no município do Rio de Janeiro". No INES é um dos líderes do grupo de pesquisa Educação, Mídias e Comunidade Surda. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação Especial, principalmente nos seguintes temas: Tecnologia Assistiva - Comunicação Alternativa e Ampliada (CAA), Educação Bilíngue (Libras, Língua Portuguesa) voltada à surdez, Letramento Visual e Materiais didáticos voltados para Escolas Bilíngues de surdos, Monografias em Libras.

Luiz Alexandre da Silva Rosado, Instituto Nacional de Educação de Surdos

Doutor em Ciências Humanas (Educação) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio, 2012), com parte da pesquisa desenvolvida na Universitá Cattolica del Sacro Cuore (UCSC - Milão). Mestre em Educação na linha de Novas Tecnologias da Informação e Comunicação na Universidade Estácio de Sá (UNESA, 2008). Possui graduação em Comunicação Social pela Universidade Gama Filho (2004) com habilitação em Publicidade e Propaganda. Foi professor do Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE) da Universidade Estácio de Sá (UNESA). Atualmente é Professor Adjunto do Departamento de Ensino Superior do INES, na área de Educação e TICs, e Professor da pós-graduação em Educação com Aplicação de Informática na UERJ (2007-). Integrante do Diretório de Pesquisas Jovens em Rede (JER) na PUC-Rio (Departamento de Educação) desde 2008 e colaborador da linha de pesquisa TICPE do PPGE UNESA. Orientador de alunos do curso de especialização em Mediação Pedagógica na CCEAD/PUC-Rio. Atua principalmente nos seguintes temas: educação, juventude e mídia, novas tecnologias da informação e comunicação, autoria digital emergente, autoria acadêmica, processos de construção, transições e transformações tecnológicas.

References

BAKER, C. Foundations of Bilingual Education and Bilingualism. 4. ed. Bristol, UK: Multilingual Matters, 2006.

BRASIL. Decreto Nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000.

BRASIL. Lei 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e dá outras providências.

BRASIL. Lei 12.319, de 1° de setembro de 2010. Regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS.

CAMPELLO, A. R. S.; CASTRO, N. P. Introdução da glosinais como ferramenta de tradução/interpretação das pessoas surdas brasileiras. Revista Escrita, Rio de Janeiro, n. 17, p. 1-14. 2013.

CASTRO, N. P. A tradução de fábulas seguindo aspectos imagéticos da linguagem cinematográfica e da língua de sinais. 2012. 165 fls. Dissertação (Mestrado em Estudos da Tradução) – Centro de Comunicação e Expressão. Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução, Universidade Federal de Santa Catariana, Florianópolis, 2012. [Inclui DVD em Libras].

DESU/INES. Manual para normalização de trabalhos monográficos em Libras e língua portuguesa do DESU/INES. Disponível em: < http://www.ines.gov.br/images/desu/Manual-de-Monografia-em-Libras-e-LP-2015.pdf> Acesso em: 10 out. 2018. 2015.

DONDIS, D. A. Sintaxe da linguagem visual. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

FELIPE, T. A. O signo Gestual-visual e sua estrutura frasal na língua dos sinais dos Centros Urbanos do Brasil (LSCB). 1988. 104 fls. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Centro de Artes e Comunicação, Universidade Federal de Pernambuco, Pernambuco, 1988.

FELIPE, T. A. Bilinguismo e Educação Bilíngue: questões teóricas e práticas pedagógicas. Revista Forum, Rio de Janeiro, n. 25/26, p. 7-22, jan./dez. 2012.

FLUSSER, V. A escrita – há futuro para a escrita? 1. ed. São Paulo: Annablume, 2010.

FLUSSER, V. O mundo codificado: por uma filosofia do design e da comunicação. 1. ed. São Paulo: Cosac Naify, 2013.

KARNOPP, L.; KLEIN, M.; LUNARDI-LAZZARIN, M. L. (Orgs.). Cultura Surda na contemporaneidade: negociações, intercorrências e provocações. 1. ed. Canoas: Ed ULBRA, 2011.

KITTLER, F. Mídias ópticas: curso em Berlim, 1999. 1. ed. Rio de Janeiro: Contraponto, 2016.

MAHER, T. de J. M. Hibridismos e linguagem: o inevitável diálogo entre Libras e a Língua Portuguesa no discurso do sujeito surdo. Forum - Instituto Nacional de Educação de Surdos, Rio de Janeiro, v. 25/26, p. 7-22, jan./dez. 2012.

MATEUS, S. Pode uma imagem ser um argumento? Revista Famecos, Porto Alegre, v. 23, n. 2, s/p, jun./ago. 2016.

OLIVEIRA, J. S.; SILVA, R. C. Equipe de tradução do curso de Letras Libras. In: QUADROS, R. M. de. (Org.). Letras LIBRAS: ontem, hoje e amanhã. 1. ed. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2014. p. 93-111.

O´REILLY, T. What is web 2.0. Design Patterns and Business Models for the Next Generation of Software. Disponível em: <http://oreilly.com/web2/archive/what-is-web-20.html>. Acesso em: 20 out. 2018. 2005.

PERLIN, G.; MIRANDA, W. Surdos: o narrar e a política. Ponto de Vista, Florianópolis, n. 5, p. 217-226. 2003.

QUADROS, R. M. de; SOUZA, S. X. Aspectos da tradução/encenação na Língua de sinais Brasileira para um ambiente virtual de ensino: práticas tradutórias do curso de Letras Libras. In: QUADROS, R. M. de. (Org.). Estudos Surdos III. 1. ed. Petrópolis: Arara Azul, 2008. p. 170-209.

SANTAELLA, L. Matrizes da linguagem e pensamento: sonora visual verbal: aplicações na hipermídia. 3. ed. São Paulo: Iluminuras: FAPESP, 2005.

SANTAELLA, L. Leitura de imagens. 1. ed. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2012.

SANTAELLA, L. Navegar no ciberespaço: o perfil cognitivo do leitor imersivo. São Paulo: Paulus, 2004.

SOUZA, S. X. Performances de tradução para a Língua Brasileira de Sinais observadas no curso de Letras Libras. 2010. 174 fls. Dissertação (Mestrado em Estudos da Tradução) – Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução, Universidade Federal de Sata Catarina, Florianópolis, 2010.

SOUZA, S. X. A norma surda de tradução em ambientes virtuais de ensino e aprendizagem: o caso do curso de LETRAS-LIBRAS da UFSC. In: Congresso Brasileiro de Pesquisa em Tradução e Interpretação de Língua de Sinais Brasileira, 2, 2010, Florianópolis. Anais... Florianópolis: UFSC, 2010. p. 1-7.

STONE, C. Toward a Deaf Translation Norm. 1. ed. Washington-DC, USA: Gallaudet University Press, 2009.

STROBEL, K. As Imagens do outro sobre a Cultura Surda. Florianópolis, Editora UFSC, 2008.

THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. 18. ed. São Paulo: Cortez, 2011.

TAVEIRA, C. C.; ROSADO, L. A. da S. Por uma compreensão do letramento visual e seus suportes: articulando pesquisas sobre letramento, matrizes de linguagem e artefatos surdos. Espaço, Rio de Janeiro, n. 39, p. 27-42, jan./jun. 2013.

TAVEIRA, C. Por uma Didática da invenção surda: prática pedagógica nas escolas-piloto de educação bilíngue no município do Rio de Janeiro. 2014. 365 f. Tese (Doutorado em Educação) – Departamento de Educação, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

TAVEIRA, C.; et al. Novas tecnologias na produção de monografias em Libras com alunos do INES: língua de sinais, performance surda e o uso do vídeo digital. In: ROSADO, L. A. da S.; FERREIRA, G. M. dos S. (Org.). Educação e Tecnologia: Parcerias Volume 4. Rio de Janeiro: Editora Universidade Estácio de Sa?, 2015. p. 142-186.

Published

2018-12-24

How to Cite

Taveira, C. C., & Rosado, L. A. da S. (2018). Monografar em libras: buscando padrões de escrita em vídeo-registros acadêmicos. Qualitative Research Journal , 6(12), 498–529. https://doi.org/10.33361/RPQ.2018.v.6.n.12.243

Issue

Section

SeçaoTemática - Pesquisa Qualitativa sobre Tecnologias Educacionais na Educaçao