A hermenêutica heideggeriana na pesquisa em clínica

Autores

  • Melina Séfora Souza Rebouças Universidade Federal do Rio Grande do Norte
  • Elza Dutra Universidade Federal do Rio Grande do Norte

DOI:

https://doi.org/10.33361/RPQ.2018.v.6.n.11.183

Resumo

Resumo: O trabalho é um ensaio teórico fruto da tese de doutorado da autora e tem como objetivo pensar a hermenêutica heideggeriana como método na pesquisa em clínica. Para essa perspectiva, os fenômenos somente são vistos na própria existência e em sua sedimentação histórica fática, enquanto método refere-se a um caminho para o desencobrimento dos fenômenos via círculo hermenêutico. Desse modo, tanto a clínica quanto a pesquisa buscam destecer a trama existencial à qual o homem encontra-se aprisionado, acompanhando o próprio movimento da existência. A hermenêutica heideggeriana mostra-se de grande importância para as pesquisas clínicas, na medida em que não busca uma verdade universal, e, sim, compreensões acerca dos fenômenos, as quais não podem ser representadas, apenas acompanhadas e desveladas.

Palavras-chave: Hermenêutica Heideggeriana; Pesquisa em Clínica; Clínica Fenomenológico-Existencial.

 

Heideggerian hermeneutics in clinical research

Abstract: This work is a theoretical essay from the author's doctoral thesis, whose aim to think the Heideggerian hermeneutics like a method in the clinical research. According to this perspective, phenomena are only seen in the very existence and its historical horizon. And method refers to a path to uncover the phenomena via the hermeneutical circle. In this way, both clinic and research seek to unweave the existential plot which man is imprisoned following the very movement of existence. The Heideggerian hermeneutics it is of great importance for clinical research, in that it does not seek an universal truth but rather understandings about phenomena; and these, as understandings, can not be represented, only accompanied and unveiled.

Keywords: Heideggerian Hermeneutics; Clinical Research; Phenomenological-Existential Clinic.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Referências

AMATUZZI, M. M. Pesquisa fenomenológica em psicologia. In: BRUNS, M. A. T.; HOLANDA, A. F. (Orgs.). Psicologia e Fenomenologia: reflexões e perspectivas. 1. ed. Campinas: Editora Alínea, 2003. p. 15-22.

ANDRADE, C. C.; HOLANDA, A. F. Apontamentos sobre pesquisa qualitativa e pesquisa empírico-fenomenológica. Estud. psicol., Campinas, v. 27, n. 2, p. 259-268, jun. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2010000200013&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 30 jan. 2018.

AZEVEDO, A. K. S. Não há você sem mim: histórias de mulheres sobreviventes de uma tentativa de homicídio. 2013. 200 f. Tese (Doutorado em Psicologia) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2013.

BARRETO, Carmem Lúcia Brito Tavares. Reflexões para pensar a ação clínica a partir de Heidegger: da Ontologia fundamental à questão da técnica. In: BARRETO, C. L. B. T.; MORATO, H. T. P.; CALDAS, M. T. (Orgs.). Prática psicológica na perspectiva fenomenológica. 1. ed. Curitiba: Juruá, 2013. p. 27-50.

CABRAL, B. E. B.; MORATO, H. T. P. A questão da pesquisa como bússola: notas sobre o processo de produção de conhecimento em uma perspectiva fenomenológica existencial. In: BARRETO, C. L. B. T.; MORATO, H. T. P.; CALDAS, M. T. (Orgs.). Prática psicológica na perspectiva fenomenológica. 1. ed. Curitiba: Juruá, 2013. p. 159-182.

CASANOVA, M. A. Compreender Heidegger. 1. ed. Petrópolis: Vozes, 2009.

CRITELLI, D. M. Analítica do sentido: uma aproximação e interpretação do real de orientação fenomenológica. 1. ed. São Paulo: Educ Brasiliense, 1996.

DUTRA, E. M. S. Rogers and Heidegger: Is a gathering for a new view of the self possible? Estudos de Psicologia, Campinas, v. 33, n. 3, p. 413-423, jul./set. 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2016000300413&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 31 jan. 2018.

DUTRA, E. M. S. A narrativa como uma técnica de pesquisa fenomenológica. Estudos de Psicologia, Natal, v.7, n. 2, p. 371-378, jul. 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 294X2002000200018&lng=en&nrm=iso>. Acessos em: 31 jan. 2018.

FEIJOO, A. M. C. A escuta e a fala em psicoterapia: uma proposta fenomenológico-existencial. 2. ed. Rio de Janeiro: IFEN, 2010.

FEIJOO, A. M. C. A existência para além do sujeito: a crise da subjetividade moderna e suas repercussões para a possibilidade de uma clínica psicológica com fundamentos fenomenológico-existenciais. 1.ed. Rio de Janeiro: Edições IFEN: Via Verita, 2011.

FERREIRA, L. da S. M. Entre a Fenomenologia e a Hermenêutica: uma perspectiva em psicoterapia. Revista da abordagem gestáltica, Goiânia, v. 15, n. 2, p. 143-148, dez. 2009. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-68672009000200010&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 30 jan. 2018.

FROTA, A. M. M. C. O rigor na pesquisa fenomenológica com orientação heideggeriana. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA E ESTUDOS QUALITATIVOS, 4, 2010, Rio Claro, São Paulo. Anais... Rio Claro, SP, 2010. p. 1-8.

GOTO, T. A. Introdução à psicologia fenomenológica: a nova psicologia de Edmund Husserl. 1. ed. São Paulo: Paulus, 2008.

HOLANDA, A. F. Pesquisa fenomenológica e psicologia eidética: elementos para um entendimento metodológico. In: BRUNS, M. A. T.; HOLANDA, A. F. (Orgs.). Psicologia e Fenomenologia: reflexões e perspectivas. 1.ed. Campinas, SP: Editora Alínea, 2003. p. 41-64.

HOLANDA, A. F. Fenomenologia e humanismo: reflexões necessárias. 1.ed. Curitiba: Juruá, 2014.

HEIDEGGER, M. Ser e tempo: parte I. Tradução de Márcia Sá Cavalcante Schuback. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1989.

HEIDEGER, M. Ser e tempo: parte II. Tradução de Márcia Sá Cavalcante Schuback. 15. ed. Petrópolis: Vozes, 2005.

HEIDEGGER, M. Seminários de Zollikon: protocolos – diálogos – cartas. Traduçã de Gabriella Arnhold, Maria de Fátima de Almeida Prado e Renato Kirchner. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2009.

HEIDEGGER, Martin. Ensaios e conferências. Tradução de Emanuel Carneiro Leão, Gilvan Fogel e Márcia Sá Cavalcante Schuback. 6. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.

HEIDEGGER, M. Ser e tempo. Tradução de Márcia Sá Cavalcante Schuback. 8. ed. Petrópolis: Vozes; Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco, 2013a.

HEIDEGGER, M. Ontologia (hermenêutica da facticidade). Trad. Renato Kirchner. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2013b.

MATTAR, C. M.; SÁ, R. N. Os sentidos de “análise” e “analítica” no pensamento de Heidegger e suas implicações para a psicoterapia. Revista de Psicologia da UERJ, Rio de Janeiro, v. 8, n. 2, p. 191-203, ago. 2005. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812008000200005&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 31 jan. 2018.

MAUX, A. A. B. Masculinidade à prova: um estudo de inspiração fenomenológico-hermenêutico sobre a infertilidade masculina. 2014. 161 f. Tese (Doutorado em Psicologia) –Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2014.

MELO, R. F. Entre compreensão e interpretação: para uma hermenêutica filosófica no pensamento de Heidegger. Ekstasis: Revista de Fenomenologia e Hermenêutica, Rio de Janeiro, v. 2, n. 1, p. 84-99, 2013. Disponível em: <http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/Ekstasis/article/view/7368>. Acesso em: 31 jan. 2018.

MORATO, H. T. P. Atenção psicológica e aprendizagem significativa. In: MORATO, H.T.P.; BARRETO, C. L. B. T.; NUNES, A. P. Aconselhamento psicológico numa perspectiva fenomenológica existencial. 1.ed. Rio de Janeiro: Guanabara/Koogan. 2009. p. 22-40.

MORATO, H. T. P. Algumas considerações da fenomenologia existencial para a ação psicológica na prática e na pesquisa em instituições. In: BARRETO, C. L. B. T.; MORATO, H.T.P.; CALDAS, M. T. (Orgs.). Prática psicológica na perspectiva fenomenológica. Curitiba: Juruá, 2013, p. 51-76.

POMPÉIA, J. A.; SAPIENZA, B. L. Na presença do sentido: uma aproximação fenomenológica a questões existenciais básicas. 1.ed. São Paulo: EDUC/Paulus, 2004.

PRADO, R. A. de A.; C., M. T. Hermenêutica filosófica, fenomenologia e narrativa: percurso metodológico de uma pesquisa em psicologia clínica. Revista Psicologias, Rio Branco, v. 1, p. 1-25, abril. 2015. Disponível em: <http://revistas.ufac.br/revista/index.php/psi/article/view/207/0>. Acesso em: 31 jan. 2018.

RAFAELLI, R. Husserl e a psicologia. Estudos de Psicologia, Natal, v. 9, n. 2, p. 211-215, ago. 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2004000200002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 31 jan. 2018.

REBOUÇAS, M. S. S. Aborto: um fenômeno sem lugar – uma experiência de plantão psicológico para mulheres em situação de abortamento. 2015. 197 f. Tese (Doutorado em Psicologia) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2015.

REBOUÇAS, M. S. S; DUTRA, E. M. S. O aborto provocado como uma possibilidade na existência da mulher: reflexões fenomenológico-existenciais. Revista Natureza Humana, São Paulo, v.14, n. 2, p.192-219, 2012. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302012000200010&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 31 jan. 2018.

REBOUÇAS, M. S. S. O aborto provocado como uma possibilidade na existência da mulher: reflexões fenomenológico-existenciais. 2010. 145 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2010.

ROEHE, Marcelo Vial. Uma abordagem fenomenológico-existencial para a questão do conhecimento em psicologia. Estudos de Psicologia, v. 11, n. 2, p. 53-158, 2005. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2006000200004&lng=en&nrm=iso. Acessos em 31 Jan. 2018. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-294X2006000200004.

SÁ, R. N. A psicoterapia e a questão da técnica. Arquivos Brasileiros de Psicologia. Rio de Janeiro, v. 54, n. 2, p. 348-362, out./dez. 2002.

SÁ, R. N. Para além da técnica: ensaios fenomenológicos sobre psicoterapia, atenção e cuidado. 1. ed. Rio de Janeiro: Via Verita, 2017.

SÁ, R. N.; BARRETO, C. L. B. T. A noção fenomenológica de existência e as práticas psicológicas clínicas. Estudos de Psicologia, Campinas, v.28, n. 3, p. 389-394, set. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2011000300011&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 31 jan. 2018.

STEIN, E. A questão do método na filosofia: um estudo do modelo heideggeriano. 2. ed. Porto Alegre: Movimento, 1983.

Publicado

2018-08-01

Como Citar

Rebouças, M. S. S., & Dutra, E. (2018). A hermenêutica heideggeriana na pesquisa em clínica. Revista Pesquisa Qualitativa, 6(11), 192–211. https://doi.org/10.33361/RPQ.2018.v.6.n.11.183