Educação para a autonomia em instituições de crianças e jovens: o que nos dizem as narrativas dos profissionais

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Resumo

Resumo: Com o recurso ao software MAXQDA12, realizou-se um Estudo de Caso documentado, junto de profissionais sobre a autonomia desejada de jovens, residentes em Lares de Infância e Juventude (LIJ’s). Foram efetuadas 14 entrevistas semiestruturadas, abertas-fechadas e uniformizadas, dirigidas a educadores e técnicos, em Braga – Portugal. Comentados os segmentos de texto, as perceções da individualidade a favorecer e ambicionada para os mais jovens residentes de longa duração, conduzem a conclusões em que se apreendem exigências de suporte emocional nas relações prévias, em que seja prioritária a reciprocidade, a confiança e a proximidade. Acresce que as normas de um LIJ implicam a estabilidade de espaços e de tempos comunitários, mas os resultados demonstram que as exigências não mudam, após a saída da instituição.

Palavras-chave: Educação; Autonomia; Residências de Acolhimento, Software MAXQDA.

 

Education for autonomy in children and youth institutions: what they say the profissional's narratives

Abstract: With the use of MAXQDA 12 software, a documented case study was carried out with professionals about the desired autonomy of young people living in long-term Foster Care Homes (FCH’s). We performed, and commented, 14 semi-structured interviews, open-closed and standardized, to educators and technicians, in Braga - Portugal. The segments of texts - units of meaning – are about prceptions of desired individuality for the youngest residents, and lead to conclusions on emotional support requirements in previous relationships, given priority to reciprocity, trust and closeness. In addition, the rules of a FCH imply the stability of community spaces and times, but the results demonstrate that the requirements do not change after young adults leave the institution.

Keywords: Education; Autonomy; Foster Care; Software MAXQDA.

 

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Biografia do Autor

Judite Zamith-Cruz, Universidade do Minho

Judite Maria Zamith Cruz é doutorada em Psicologia pela Universidade do Minho, onde lecciona cursos de licenciatura e mestrado dedicados ao estudo do desenvolvimento humano e do auto-conhecimento do profissional de educação, desde 1996, é membro de instituições nacionais e internacionais dedicadas ao estudo e investigação da sobredotação, talento e criatividade e, em 1997, integrou equipa internacional e interdisciplinar, coordenada pela Professora Doutora Ana Luísa Janeira, nos domínios de ciência, tecnologia e sociedade - «Natureza, cultura e memória: Projectos transatlânticos». Colabora, desde 2000, no Instituto de Estudos da Criança, em projectos centrados na educação matemática; depois, na área da língua portuguesa e artes plásticas, como membro do Centro de Investigação «Literacia e Bem-Estar da Criança» (LIBEC) da Universidade do Minho .

Entre Janeiro e Julho de1982 foi professora de psicologia e de pedagogia em Escola de Formação de Professores do Ensino Básico de Torres Novas. De Junho a Setembro de 1982, assumiu o lugar de Assistente Estagiária na Universidade de Lisboa – Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, de que se afastou para desempenhar funções de psicóloga clínica em cooperativa dedicada a crianças e jovens deficientes motores e mentais, em Lisboa – CRINABEL (1982-1985). De 1985 a 1988 foi professora do Ensino Secundário, em Braga, leccionando a disciplina de psicologia na Escola D. Maria II. De novo ocupou funções de psicóloga clínica em associação dedicada à educação de crianças e jovens deficientes auditivos (APECDA-Braga), entre 1988 e 1992. Em 1987, realizou trabalho como psicóloga no Hospital Distrital de Barcelos, de que se afastou em 1990 para efectuar curso de mestrado. Em 1992 ocupou o ligar de Assistente de metodologia de investigação, na Universidade do Minho, em Braga, onde é professora auxiliar.

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Publicado

2016-12-30

Como Citar

Zamith-Cruz, J., Lopes, A., & Carvalho, M. de L. (2016). Educação para a autonomia em instituições de crianças e jovens: o que nos dizem as narrativas dos profissionais. Revista Pesquisa Qualitativa, 4(6), 353–367. Recuperado de https://editora.sepq.org.br/rpq/article/view/58